In POESIA INCONTINENTE de Renato Gomes Pereira (Coimbra 16.09.1980).
Óh Luzes! Óh Pirilampos
deste fantasma perdido;
como é cego
este país adormecido !
Que o Vento Norte
se torne Vento Sul
Que o dócil Gato
seja dura Fera!
E os famintos…os pobres…
os rotos…os deserdados…
as viúvas;
e os tristes…os desesperados…
os humilhados…os vingadores…
e as JUSTICEIRAS !!!
Óh Luzes! Óh Pirilampos
deste país adormecido
como é cego
este fantasma perdido !
Comeram-no um SOL VERDE
e uma LUA PRETA.
No Bosque Velho
da Rua Morta…
…cheiram a trampa
estes cravos perfumados!
Óh Luzes! Óh Pirilampos
deste fantasma adormecido
como é cego
este país perdido!
Chegou o novo “spray” ao fim
Qual “BOMBA H” que não rebenta
na Paz Podre deste SOLO
neste atordoante silêncio
nesta algazarra muda
neste hilariante choro
neste…nesta,,,
neste…nisto…
que eu não quero
para mim!
Óh Luzes!Óh Pirilampos
deste país cego
como é perdido
este fantasma adormecido!
O que eu procuro não sei!
O que achei desconheço!
O que quero não existe!
Co’o que não quero tropeço!
Que eu sou fantasma e cego…
Que uma lua preta e um sol verde…
Que a alma boa era em “spray”…
O Vento Norte a trouxe
O vento Sul a levou…!
…E os abutres mortos
não conspiram!
E o ramo seco
não dá fruto.
Um poço sem fundo?
Um país adormecido e perdido !
Que herdei eu ?!
Óh Luzes! Óh Pirilampos
deste cego adormecido
como é perdido
este país fantasma!
COIMBRA, 16 de Setembro de 1980.
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